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Nasce um vilarejo criativo em Porto Alegre

4.11.2014

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O olhar sensível e inovador de algumas pessoas está transformando uma área, até então estereotipada como degradada, no primeiro polo de economia criativa de Porto Alegre. Parte da região do 4º Distrito – formada pelos bairros Floresta, Navegantes, São Geraldo, Humaitá, Farrapos e Marcílio Dias, na zona Norte da Capital – passa a ser ocupada por negócios como galerias de arte, produção de audiovisual e design, escritórios de arquitetura, brechós, escolas e espaços gastronômicos. Em um movimento espontâneo e ainda incipiente, a área refloresce por meio de convivência, ações coletivas e ideias que unem revitalização urbana e reestruturação produtiva.

 

O grupo mais perene e representativo desse polo em formação se chama Distrito Criativo. Formado por 67 artistas e empreendedores mapeados, o Distrito C, como é apelidado, não tem perímetros oficialmente definidos, mas se localiza no lado Oeste do bairro Floresta. O que motiva a união em torno do território não é um projeto cultural, nem de incentivo às artes, mas sim de impacto econômico e urbano. “Também não queremos ser só uma união de lojinhas para aumentar as vendas, mas um ecossistema que recupere o valor histórico do local”, explica o líder da iniciativa, Jorge Piqué.

 

Desde novembro de 2013, o grupo debate formas de criar um design comum no território, que identifique o polo, e melhorias urbanas a serem feitas e reivindicadas. Também organiza eventos na comunidade e passeios guiados abertos ao público. Piqué capitaneia a ação por meio da agência de inovação social UrbsNova, que se propõe a criar formas de organização inovadoras e de impacto social. No início dos projetos, a empresa planeja as iniciativas sem cobrar, mas a ideia é que elas se sustentem, a longo prazo, com patrocínios. Por enquanto, o Distrito C sobrevive da boa vontade e do investimento dos próprios empreendedores. “Há muito tempo, existe um discurso de revitalizar o 4º Distrito, mas ninguém faz”, citica Piqué.

 

Um dos primeiros engajados que apostaram na região foi o proprietário do Porto Alegre Hostel Boutique, Carlos Silveira. Ele, que já viajou por 83 países, começou a busca por uma casa com preço convidativo para transformar em hostel em 2010. “Diziam que o bairro estava degradado, mas eu não via nada de tão assustador. Só é possível revitalizar uma região trazendo negócios e pessoas para ela”, acredita. Hoje, ele lidera o Refloresta, grupo de apoio à revitalização da área, que organiza uma feira de hortaliças e frutas e um brechó de rua. “Tenho o sonho de trazer mais investimentos para cá. Meu negócio só vai ser bem-sucedido se o entorno também for”, projeta.

 

Há três anos, a galeria Bolsa de Arte, com 35 anos de história, também se mudou do bairro Moinhos de Vento para o Floresta. A proprietária, Marga Pasquali, apostou na localização, porque estava à procura de um espaço arrojado, amplo e próximo aos artistas. “Estamos acostumados a trabalhar com sensibilidade e nos demos conta que aqui era o nosso lugar. O bairro é charmoso, tranquilo, arborizado e com construções antigas, mas as pessoas ainda não o descobriram”, conta. A Bolsa de Arte também tem uma sede no bairro Vila Madalena, em São Paulo, conhecido como o vilarejo alternativo das artes e da boemia. Marga acredita que o Floresta caminha para se igualar ao bairro paulistano, mas, para isso, precisa que mais pessoas acreditem na ideia de investir na região.

 

 

Fonte: http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=177334

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